Título: Paralelos
Autor: Leonardo Alkmim
Editora: Geração Editorial
Páginas: 430
SinopseEm um terrível acidente rodoviário, Alexandre morre, mas seu irmão gêmeo Vítor, surpreendentemente, sobrevive. No entanto, ao despertar numa dimensão paralela, autossuficiente e resguardada por instâncias elementares, como o Horizonte de Energia, o Conselho, Deus e os anjos, Alexandre descobre que deveria ter sido salvo e Vítor morrido, equívoco que coloca em risco rodo o funcionamento do cosmos. Embora em dimensões diferentes, os gêmeos precisarão lutar para restaurar o equilíbrio do Universo. Uma aventura fantástica, surpreendente e rica em seus detalhes mais sutis, que arrebata o leitor com todas as suas surpresas e revelações a cada capítulo, além de conquistá-lo com seus personagens ora cativantes, ora assustadores, porém sempre muito interessantes e bem construídos.
Resenha
Denso. Forte. Inteligente.
Comecei a ler Paralelos sem muita certeza do que ia encontrar. A capa me lembrava algo futurista, a sinopse uma aventura com um toque de suspense e ficção. Paralelos é tudo isso e mais, muito mais.
Os gêmeos Alexandre e Vitor estão em uma viagem com a escola e algumas coisas típicas adolescentes acontecem. Tudo natural e comum até que o ônibus em que estavam se acidenta. Exceto Vitor, todos os outros ocupantes morrem. Daí é que a coisa fica complicada. Leonardo (o autor) nos leva para dimensões paralelas e discussões sobre o apocalipse.
Mas espere. Não são dimensões paralelas destas que a memória dos filmes de ficção nos remete, com portal brilhante e tempo de abertura pré programado. Não. É uma dimensão paralela que nos transporta mais para o mundo dos anjos – mas o livro não faz visualizarmos anjinhos de cabelos louros e encaracolados nem ouvimos sons de harpa enquanto lemos. É algo bem mais plausível, embora fantástica, entende? São dimensões que se interagem e se relacionam e uma não existe sem a outra. Uma depende da outra, uma colabora com a outra.
Neste sentido de colaboração é que acontece o problema. Devido a uma falha, o Cosmo está em perigo. O Universo pode ruir. É isso mesmo, leitor e leitora. Não é um apocalipse do fim do mundo, do nosso querido planeta Terra. Com esta falha, pode acontecer o apocalipse do Universo como o conhecemos. Ou da forma que achamos que conhecemos. O Universo deixa de Existir (Existir, aqui, tem inicial maiúscula devido a sua importância no contexto do livro. Existir é a peça chave).
Aí você pode pensar que: ‘ahh, fim do universo é um pouco demais. Já não gostei’. Sinto informar, mas não é bem assim. O autor usa de argumentos que tornam o impossível em verossímil. Ele prepara de tal forma tudo que faz a gente achar que: ahn, bom, bem, realmente pode ser assim mesmo! Ele usa termos como estrutura subatômica, bárions, prótons, nêutrons, léptons, antibários, elétrons, múons e taus. Usa Horizonte de Energia, O Conselho, Deus, Universo, Big Bang. Equilíbrio e Desequilíbrio. E quebra nossos paradigmas.
Embora tenham todos estes elementos citados acima, o livro não parece uma aula de física quântica. É ágil, gostoso de se ler e nos faz precisar urgentemente saber o que acontece na página seguinte. Eu não consegui parar. Li em horas (e o livro tem 429 páginas).
Tem uma estrutura que gostei muito. É dividido em 3 partes com capítulos pequenos. Alguns muito pequenos, com apenas um parágrafo. Achei genial. Outro ponto muito interessante é que ele é narrado em primeira e terceira pessoa de forma simultânea. Em primeira pessoa quem narra é Alexandre, o gêmeo morto no acidente. Ao longo dos capítulos hora estamos com ele contando sobre si, hora temos um narrador contando o que acontece em outros ambientes, cenários e paralelos. O diferencial é que na terceira parte do livro, quando há uma significativa mudança em Alexandre, o livro passa a ser totalmente narrado em terceira pessoa. Isso ajuda demais no entendimento de que a mudança nele é substancial. Acima do que entendemos por mudança. Ele deixa de nos contar.
Além deste aspecto, me chamou atenção a diferença na linguagem. O Alexandre é jovem e sua linguagem é característica. É engraçado, ri de suas próprias mazelas e fala de forma a conversar com o leitor. Ri com ele e dele diversas vezes. Já o narrador quer nos inserir na temática destas realidades paralelas, da sinergia do Universo como um todo e das terríveis mudanças que podem acontecer, além do entendimento de como tudo começou (TUDO mesmo, o Universo, o Conhecimento, Deus… tudo mesmo). Portanto, quando o narrador é quem nos apresenta a estória ela é dita em uma linguagem condizente com o tema. Perfeito, sério e inteligente.
Falando em Deus preciso fazer um comentário com vistas a não causar estranheza. Não é um livro religioso. Fala de Fé, de Deus, da Origem e tal, mas de uma forma extremamente científica. Não desmistifica a religiosidade nem a fortalece. Religiosos e não religiosos podem lê-lo sem medo de ficarem escandalizados, nem tampouco serão defendidos.
A aventura em si permeia toda a trama. Existe perseguição, existem momentos de tensão, existem reviravoltas que nos arrepiam. Posso dizer que é uma narrativa que deu certo em tudo, em suas mais diversas nuances, em cada um dos seus fótons. ;)
Paralelos me encheu de encanto. Gosto muito de leitura inteligente e ela é sem dúvida uma delas. A Diagramação é bem feita, não encontrei erros (embora confesse que não prestei tanta atenção a isso, então posso dizer que nenhum erro me saltou aos olhos). Como já disse acima tem capítulos bem curtos, letra em tamanho ideal e páginas amareladas.
Se você quer uma leitura que te prenda e te faça pensar, esta é a pedida! Grandemente recomendado!
Esta resenha foi redigida originalmente por mim para o site Papiro Digital, da qual sou colaboradora. O livro foi gentilmente cedido pela Editora.