Autor: Solomon Northup
Editora: Seoman
Páginas: 232
Skoob
Avaliação:

Sinopse - skoob: Filme vencedor do 71º Globo de Ouro e indicado para o Oscar 2014 em 24 categorias, é adaptação de livro que será publicado este trimestre pela Seoman. 12 Anos de Escravidão é um livro de memórias angustiantes sobre um dos períodos mais sombrios da história norte-americana. Ele relata como Solomon Northup, nascido um homem livre em Nova York, foi atraído para Washington, D.C., em 1841, com a promessa de um emprego, e então drogado, espancado e vendido como escravo. Ele passou os doze anos seguintes de sua vida em cativeiro, trabalhando, na maior parte do tempo, em uma plantação de algodão em Louisiana.Após seu resgate, Northup escreveu este registro excepcionalmente vívido e detalhado da vida escrava. Tornou-se um sucesso imediato e, hoje, é reconhecido por sua visão incomum e eloquência, como um dos poucos retratos realmente fiéis da escravidão americana, redigido por alguémtão culto quanto Solomon Northup — uma pessoa que viveu sua vida sob a óptica de uma dupla perspectiva: ter sido tanto um homem livre como um escravo. Nas telinhas do Cinema, Solomon Northup será interpretado pelo ator Chiwetel Ejiofor e Brad Pitt interpretará o abolicionista canadense que ajudou Solomon a reconquistar sua liberdade, além de ser o produtor do filme. Um relato surpreendente de um importante período, que conta em detalhes históricos, os perigos, os horrores e humanidade da vida de um grande número de escravos. Uma peça inestimável da História: as memórias de Solomon Northup.
Este é um livro forte e visceral. Solomon me fez reviver e visualizar os horrores da escravidão através de sua narrativa franca.
Diversos aspectos me chamaram atenção nesta leitura e um dos primeiros foi o perfil do autor. Solomon conta ao longo das 232 páginas do livro sua saga desde seu rapto até sua libertação. E é incrível como dá para enxergá-lo em sua narrativa e até mesmo analisar traços de seu perfil. Solomon se justifica e se desculpa em algumas passagens, quando o que vai narrar foi algo contado por alguém. Se ele não viu com os próprios olhos, sempre nos explica isso e já se adianta em pedir desculpas caso não possa estar sendo totalmente fiel aos fatos. Penso que é o perfil de quem, como retratado no livro, recebia chibatadas sem o menor motivo ou justificativa - se é que em algum momento alguém possa justificar o açoite. Aprende-se com as durezas da escravidão a ser cuidadoso com todos os passos, palavras e ações.
Outro falo interessante do perfil de Solomon é que, ao que pareceu-me, o sofrimento o ensinou a ver o lado bom de tudo. Pude notar que algumas coisas que ele dizia em favor de alguns senhores de escravos eram bem benevolentes. Incrível para mim, leitora do século 21, entender como é que alguém que era dono de escravos ter algo de bom, aos olhos dos próprios escravos. Solomon me mostrou que diante da dor insuportável, um mínimo de bondade é algo a ser exaltado e noticiado.
Sei que pode parecer, ao nos depararmos com a premissa da obra, que é algo repetitivo e maçante... Falar novamente da escravidão? Não está um tanto quanto batido? Não. Definitivamente 12 Anos de Escravidão me presenteou com uma perspectiva diferente de tudo que eu já havia visto em termos de escravidão porque é relatado por um homem culto e inteligente que viveu na pele estas angústias excruciantes. Não é o relato histórico de alguém que pesquisou a fundo. Nem mesmo as memórias de um branco que via de fora o que os negros passaram. Não. É o relato pessoal de um negro que soube contar muito bem as sensações de quem experimentou esta vida.
Pude notar alguns pequenos momentos de uma certa ironia, que me permitiu relaxar os músculos durante a leitura, que em geral é um relato fiel aos acontecimentos e feito de forma fluída e sequencial. Por conta desta fidelidade posso dizer que dói. A leitura dói como se estivéssemos na pele do autor. Vendo e sentindo tudo. E a sequência é perfeita. Cronológica. E no final há um "voltar ao tempo" que nos contextualiza em um acontecimento e que achei muito bem feito e no momento exato.
Em termos de edição, posso dizer que é uma obra feita com cuidado e carinho. Não encontrei erros e não existem detalhes. As páginas são cruas, com algumas narrativas bem longas. Altamente positivo, em contextualização com o que ele trata e retrata. Ele quase poderia ter sido publicado em folhas ásperas e duras pelo peso do que contém suas páginas. Tem folhas amareladas que favorecem a leitura, margens adequadas e capa condizente com a história. Dou meus parabéns à edição.
Pessoalmente, este livro não pode ter nota menor que a máxima nas avaliações. É a vida de um homem. Mais que isso, é a vida de uma raça. É um relato de uma realidade que, absurdamente, ainda vemos acontecer de forma velada em muitos momentos de nosso dia a dia. Intolerância, certeza de uma superioridade infundada, barbaridades que assustam o mais preparado dos homens. Sem dúvida, 12 Anos de Escravidão é um dos mais belos - embora doloroso - livros que li nos últimos tempos e me arrisco dizer que deveria ser leitura obrigatória. Todas as pessoas deviam saber, pela boca de um homem, o que é estar à margem pela imposição de uma sociedade hipócrita, gananciosa e cruel.
Indispensável!
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