Resenha - Alma? - Gail Carriger

Título: Alma?
Autora: Gail Carriger
Editora: Valentina
Páginas: 305
Avaliação:5

Sinopse:
Alexia Tarabotti enfrenta uma série de atribulações sociais, quiproquós e saias justas (embora compridíssimas) em plena sociedade vitoriana. Em primeiro lugar, ela não tem alma. Em segundo, é solteirona e filha de italiano. Em terceiro, acaba sendo atacada sem a menor educação por um vampiro, o que foge a todas as regras de etiqueta.

E agora? Pelo visto, tudo vai de mal a pior, pois a srta. Tarabotti mata sem querer o vampiro ― ocasião em que a Rainha Vitória envia o assustador Lorde Maccon (temperamental, bagunceiro, lindo de morrer e lobisomem) para investigar o ocorrido.

Com vampiros inesperados aparecendo e os esperados desaparecendo, todos parecem achar que a srta. Tarabotti é a responsável. Será que ela conseguirá descobrir o que realmente está acontecendo na alta sociedade londrina? Será que seu dom de sem alma para anular poderes sobrenaturais acabará se revelando útil ou apenas constrangedor? No fim das contas, quem é o verdadeiro inimigo, e... será que vai ter torta de melado?

Uma das séries de Steampunk mais cultuada do mundo.


Resenha:
Cativante, divertido, inusitado.

Alexia Tarabotti, solteirona sem alma (literalmente falando) e italiana, se vê às voltas com vampiros, lobisomens, cientistas, família amalucada, sombrinhas, chapéus, anquinhas e cartolas. Fiquei em dúvida de qual dos protagonistas me cativaram mais: Se Srta. Tarabotti, Lorde Maccon ou Lorde Akeldama... embora o mordomo Floote seja genial em suas rápidas e eficientes aparições. Na verdade, Gail montou de forma brilhante seus personagens.

Apesar de ter achado o comecinho um tanto quanto maçante, esta sensação se dissipou rapidamente quando os acontecimentos surgiram e me deixaram meio sem entender alguns detalhes e necessitando de mais explicações e enquadramentos. - Os lobisomens e vampiros vivem cordialmente e respeitosamente com os seres humanos em um ambiente britânico do Século XIX e esta percepção vai sendo construída a partir dos acontecimentos e diálogos. - Penso que demorei um pouco para me sintonizar nesta característica porque sempre vemos estes sobrenaturais escondidos e à parte. Gostei desta nova visão. Em poucas páginas já estava presa a ponto de não poder mais largar o livro.

Gail me fez ficar literalmente e incondicionalmente do lado dos sobrenaturais sem precisar, para isso, deturpar suas características macabras. Achei isso fascinante. Os lobisomens atacam, os vampiros tomam sangue e passam o dia dormindo, a transformação de um lobisomem em noite de lua cheia é dolorosa e penosa. Mas mesmo assim eu os amei completamente ao longo da leitura e os preferi ante a batalha com humanos (bem, está certo também que as ações destes humanos não foram das mais louváveis... longe disso).

Além desta vertente fantasiosa, o livro retrata de forma extremamente divertida o romance entre uma dama solteirona e um lorde. Cheguei às lágrimas de tanto rir em diversos pontos e insinuações da estória, em especial nos diálogos e "saias justas" entre Alexia e Conall. Um casal perfeito, apesar de toda a descrença da mãe de Alexia em que esta conseguiria, ainda, um bom partido; apesar da descrença da própria Alexia; apesar de suas naturezas um tanto quanto díspares; apesar de não se darem bem na maioria do tempo!

O livro é uma excelente introdução ao Protetorado da Sombrinha. Em suas 305 páginas, Gail nos insere neste mundo plural, nas aventuras e desventuras deste casal cativante, nos riscos que todos os sobrenaturais passaram e nas dificuldades que podem surgir em breve com o DAS (Departamento de Arquivos Sobrenaturais) e com todos os envolvidos. A característica steampunk faz com que as possibilidades de embate sejam inúmeras.

O final é bem elaborado e movimentado, chegando a ser emocionante em determinados pontos. Foi o que esperava, mas sem ser óbvio demais. Algumas pontas ficaram soltas como gancho para a continuidade, deixando-me extremamente curiosa por conhecer as novas aventuras de Alexia. E curiosa para entender sobre um invertebrado que aparece em certo ponto e... bom, melhor parar de falar antes que o spoiller apareça.

Em suma, é um bom livro, diagramação bem feita, capa bacana, páginas amareladas. Não encontrei erros e tem no final uma entrevista com a autora que é uma graça. Mostra que ela tem muito claro em si esta veia cômica. Sei que vou rir bastante novamente na sequência de "O Protetorado da Sombrinha". Recomendo com segurança. Não vão se arrepender! :)

 Este livro foi gentilmente cedido para resenha pela Redação do Blog Papiro Digital, da qual sou resenhista colaboradora. Veja clicando aqui.